Saturday, April 19, 2014

Homenagem ao "Herbert"




 

Quem pode imaginar a importância de um companheiro de 32 anos, na vida de alguém?

Devem estar imaginando ser um alguém muito importante, que viveu comigo, em harmonia e amor, nesses anos que passaram. Sim, devo dizer que com harmonia e amor entrelaçados, durante três décadas.

Ele nunca reclamou nem deixou mágoas ou rancor, muito menos raivas. Sempre atencioso, íamos a todos os lugares. Viajamos juntos pelas estradas da vida; eram longas viagens que fazíamos alegres, parando de vem em quando para abastecimento.

Simples, mas muito bem tratado e amado. Sempre com sua vestimenta impecável, deixando, por onde passávamos, suspiros e olhares desejosos. Tivemos algumas tristezas juntos, mas nada que nos deixasse abatidos. Confiante da sua potência, ele seguia em frente, galante .

Foi uma longa vida de amantes. Ele se manteve fiel até o último instante.
Eu, cansada, já não consigo dar a ele todo o amor que merece. Já não  viajamos juntos como antes. Já não o acaricio e já não consigo mais acompanhá-lo. Agora ele precisa de outro amor, que cuide dele e que lhe dê  o carinho que merece, deixando-o impecável como sempre foi, potente e valente.

Quero que ele siga a estrada, que proporcione muitas alegrias ao seu novo dono, assim como sempre fez pra mim. Vivemos um amor fiel, verdadeiro e único.

Esta é a minha homenagem ao “Herbert”, meu lindo fusca, cor creme, por tantos anos de convivência. (1979 - 2012)

 

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Lys Carvalho     15 de maio de 2012

Wednesday, August 08, 2012

Será que a taça é nossa?


Mais uma vez teremos um grande dia de emoções, com a torcida da grande massa brasileira.
Somos uma raça em que o coração grita e as emoções explodem.
Apesar de estarmos sofrendo pressões financeiras, através de impostos que nos são cobrados pelo nosso “maravilhoso” governo de falcatruas, corruptos e imorais, continuamos nos sentindo felizes, quando nosso país se sobressai diante das grandes e poderosas nações, como o nosso maravilhoso e alegre futebol.
Infelizmente, existe o estigma que nos persegue que é a tal corrupção, que leva os patrocinadores a comandarem o que deve, ou não deve, ser feito com a nossa seleção.
Todos nós brasileiros nos sentimos indefesos, diante do que vemos, e não conseguimos, mesmo assim, deixarmos de torcer.
Será que estamos tão fragilizados diante de nossas dificuldades para sobreviver, que aceitamos essas poucas migalhas de diversão?
Acho que devemos fazer uma grande reflexão de valores.
Será que nós cidadãos simples, trabalhadores, pagantes de exorbitantes impostos, não conseguimos dar um basta nisso? Somos obrigados a engolir essas imposições, sem que possamos nada fazer?
Vejo o mundo pelo avesso e sinto que as coisas desprezíveis se tornam mais comuns. Então, pergunto: até aonde vamos? Onde vamos chegar?
Vimos nesta copa países, cujos desenvolvimentos e padrões de vida muito se distanciam da nossa realidade.
Ficamos apaixonados pela beleza e desenvolvimento de outras nações, onde o povo é respeitado, e onde a diversão é algo que dá prazer.
A civilização é algo que traz respeito e dignidade para o cidadão.
Daí, mais uma vez, pergunto: será que chegaremos lá?
Como brasileira, estou torcendo para que sim!

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Thursday, August 02, 2012

Manhã de domingo





Quem me dera pudesse encontrá-lo nesta manhã,
onde os raios de sol trazem luz para dentro de minh'alma.


A esperança sempre nos leva aos mais impossíveis desejos e sonhos.
O querer nos torna mais fortes, pois só os fracos desistem.
A força está dentro de nós para que possamos captar as energias
que rondam nossos passos, nossos caminhos.
Sigo sempre em frente, almejando a fonte de luz no horizonte.
E assim sempre será, enquanto o sopro da vida existir.
Os sentimentos adormecem como os vulcões,
mas permanecem em estado de latência, e um dia explodem.
Assim sigo a estrada até que possa encontrar alguém que,
com energia vital, acenda as brasas do meu vulcão;
que juntos possamos caminhar e apreciar as belezas do mar, do céu,
das matas, do canto dos pássaros, do florir das fruteiras,
do jardim e do cheiro da vida, embalados num só pulsar de emoções.


Que os desejos de conquistas estejam sempre atrelados num só corpo,
para que a semente sempre germine saudável e viçosa.
Que a alma e o coração, cheios de emoções latentes, cultivem sempre
a esperança de amor, paz, compreensão, planos de vida saudáveis.


Tudo isso nos permite driblar as amarguras da vida,
para que não fiquemos entediados.


Por fim, nesta manhã de domingo, ficam comigo a certeza e convicção de que só a força do amor resiste as tempestades que se apresentam em nossa vida.



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Tuesday, May 17, 2011

Adeus à Pasta Preta









Charmosa, elegante, sensual, social, culta e amada por todos. Participante e ouvinte das lamúrias, cantos, desencantos, poesias e os burburinhos daqueles que por perto estavam.
Absolutamente quieta, com seu porte de dama, lá ficava a pasta preta.  De reunião em reunião, se fazia presente. Sua dona, cuidadosa, a velava embaixo de seus braços, para que não fosse levada por algum mau personagem que por ali passasse.
Cheia de cultura, levava dentro de si livros de poetas famosos e poesias ainda para desabrochar, a qualquer momento. Como um presente de estimação, era bem cuidada, através dos anos que viveu em reuniões, junto com sua dona.
Numa bela tarde de março, precisamente dia 16, ela resolveu dar um adeus a todos que a amavam. Entristecida, enlouquecida e amargurada, sua dona lamenta não só a sua ausência, mas de tudo aquilo que ela levava dentro de si, e grita numa frase sofrida:
- Perdi minha pasta preta!
Onde será que foi parar essa menina mimada e cuidada? Quem sabe nas mãos de alguém, que com certeza não a amará com a mesma intensidade!
E as poesias inacabadas e os livros dos poetas amados? Por certo foram parar em alguma lixeira, juntando-se aos restos de papéis para serem entregues ao caminhão de lixo. Que pena! Quantas memórias ainda vivas serão queimadas como lixos incomuns, por falta de sensibilidade de alguém...alguém que não sabemos quem, que levou a nossa companheira inseparável, “A elegante pasta preta”.
Nossas saudades, seus companheiros do “Movimento da Palavra”!

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Monday, May 16, 2011

Thursday, September 16, 2010

Olhar distante



Quantas vezes me pego com um olhar distante, vazio e sem esperança.
Não sei bem onde estou e o que penso.
Talvez, voltando ao passado para afogar a saudade de alguém ou de algum lugar. Relembrar momentos de uma infância gostosa, mas cheia de privações. Tentar sentir o cheiro da terra, depois de uma chuva de verão, ou, quem sabe, lembrar das tardes em que, sentada na calçada, jogava Três Marias.
Não sei bem como recordar, se devo recordar, ou apenas ter vagas e tristes lembranças.
Na memória ainda guardo o toque da sirene de ambulância, ao passar na noite. Dias de sol que demoravam a passar até que a noite chegasse. Ou, recordar da mangueira que fazia sombra no quintal, e do pé de jamelão do vizinho.
Das tardinhas em que brincava de roda, ou pulava corda.
São tantas e pequenas recordações da infância, que vão se perdendo na memória.
Assistir televisão no vizinho, ou na inocência de criança, correr de um lado para o outro, gastando energia.
Lembranças dos padeiros ao gritarem, e da cocada, feita em tachos de cobre, que corríamos para comprar, e que jamais serão esquecidas.
Tardes e mais tardes a andar de bicicleta, esperando o tempo passar.
Como é interessante a vida!
Crianças esperam o tempo passar; quando envelhecemos, esperamos a vida acabar. Cada dia e cada minuto se tornam preciosos.
Nas lembranças do tempo, como num filme, voltamos a ser criança, voltamos à escola e começamos querer lembrar daqueles, que como a gente, hoje, também, contam os minutos.
Ah, que maneira difícil de ver a vida!
Mas, a lembrança vem e vai, da chuva grossa que fazia medo, e do sol que brilhava diferente. Das tardes longas e das noites frias. Das idas e vindas da escola.
Ah, Mamãe! Quantas zangas, castigos e palmadas.

Quantas idas à feira, de bicicleta, trazendo bananas e laranjas em uma sacola pendurada no guidon.
Coisas gostosas de lembrar: doce de coco queimadinho, que mal esfriava e das guloseimas que comíamos. Do bolo de macaxeira, raro, mas, dele ainda sinto o cheiro.
Quantas vezes, ao anoitecer, a ouvir “Jerônimo o Herói do Serão”!
Quantas imaginações se criavam na nossa cabecinha infantil: cavalos cavalgando, relinchando; porteiras se abrindo, como velhas portas, nos faziam viajar na mais linda viagem inocente.
Das lições de casa e das tabuadas terríveis de decorar, da professora particular, que ainda usava palmatória para nos castigar, quando errávamos, ou nos mandava ajoelhar sobre caroços de milho.
Tenho a impressão que é por isso que, até hoje, detesto me ajoelhar. Acho que, esqueciam de que criança também tem sensibilidade.
Mas, tudo passou, e não foram os castigos que fizeram de mim mais ou menos gente.
Hoje, estou a recordar sem mágoas, só como lembranças.
Meu olhar continua vagando à procura das coisas engraçadas do passado.
Estou na cadeira de balanço, o cochilo chega, e já não estou mais aqui para lembrar. Quem sabe, ao despertar, mais uma vez eu volte ao passado e continue à procurar, com este olhar distante, algo que restou na memória.

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Tuesday, May 12, 2009

Fome de escrever


Dizem que eu tenho fome de escrever, até acredito. Uma fome antiga de desabafar emoções que no decorrer do tempo foram marcando a paisagem da vida.
Pela janela da memória vivemos passados, presentes e presentes que passam. Imagino que toda lembrança trás algo especial e nem sempre nos faz feliz, mais que marcaram na vida.
Tenho sede de aliviar a alma e o coração cheio de grandes saudades e esperanças. Lembrar que, além da vida, existem emoções que brotam como se fossem água mineral pura, limpas e com multiplicidade de sentimentos que afloram numa constância de valores. Um sopro livre da vida que a cada minuto sinto fluir.
Gostoso é poder escrever cada sentimento de dor, angústia, felicidade, satisfação, alegrias contidas e explosivas. Bom é poder curtir a alma sensível que nos leva aos mais lindos sonhos e com eles vivermos intensamente. Como é bom registrar com palavras aquilo que temos de melhor. Como é bom olhar para o céu e poder descrever cada nuvem que passa. Como é bom, olhar para as estrelas e poder ver seu brilho e contar essa história em verso e prosa. Como é bom ver a lua no seu vai e vem iluminando caminhos escuros, inspirando os poetas e cantores, sentir o calor do sol e você poeta poder descrever tudo isso.
Por isso, escrevo, escrevo e escrevo. Escrevo para sentir essa emoção aflorar a cada instante e nela afogar meus sentimentos e sentir a vida de perto. Escrevo para curtir cada momento como se fosse o único, e agradecer sempre a Deus esta felicidade de poder contar cada estrela da mesma forma que conto minhas rugas. Apreciar o brilho prata da lua como vejo através do espelho meus cabelos brancos, sem resistência ao tempo. Como é bom viver sem amarguras e poder jogar as palavras em um movimento constante.
É o escrever que sacia a fome... E o escrever que sacia minha alma...
Copyright © 2009 By Lysette Carvalho
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